A dieta mediterrânica tem a sua origem nos países que circundam o mar Mediterrânico ou que dele sofreram influências, como é o caso de Portugal.
As principais características desta dieta incluem um consumo proporcionalmente elevado de azeite enquanto fonte de gordura; leguminosas, cereais não refinados, frutas e vegetais, consumo moderado de laticínios e de vinho e consumo moderado a elevado de peixe em comparação com a carne.
A UNESCO reconheceu, em 2010, a dieta mediterrânica como Património Cultural Imaterial da Humanidade, que pretende assegurar uma melhor proteção deste conhecimento e prática cultural, e a consciência do seu significado e importância para a saúde.
A promoção da alimentação mediterrânica como um modelo alimentar saudável, sustentável e protetor da biodiversidade, deve ser centrada numa perspetiva local, tanto ao nível da produção, como do consumo (cadeias curtas de distribuição), fomentando uma oferta alimentar diversificada através da revitalização dos produtos locais, apostando na promoção do consumo e da comercialização destes produtos.
Se uma dieta é saudável para o corpo, também o deverá ser para o meio ambiente. A dieta mediterrânica, típica dos países com clima mediterrânico, privilegia os alimentos sazonais e locais, e por essa razão pode ser considerada sustentável.
No entanto, é importante perceber se a alimentação que vulgarmente consideramos saudável – Dieta Mediterrânica – é também uma dieta sustentável, do ponto de vista da utilização dos recursos hídricos.
A região mediterrânica é cada vez mais escassa em água, sendo a produção alimentar o maior impulsionador da utilização desta. Por essa razão, é importante encontrar soluções de produção alimentar que visem a economia circular deste recurso fundamental e escasso.
Num estudo publicado na revista científica Resources, Conservation and Recycling, os investigadores colocam essa questão: qual dieta teria a menor pegada de água, nos países mediterrânicos - a dieta mediterrânica ou a EAT-Lancet, uma dieta cientificamente otimizada tanto do ponto de vista nutricional, como ambiental.
No estudo foram tidos em conta diferentes necessidades de consumo alimentar de acordo com o sexo e seis grupos etários, em nove países - Espanha, França, Itália, Grécia, Turquia, Egipto, Tunísia, Argélia e Marrocos – que representam 88% da população de todos os países da orla do Mediterrâneo.
Concluiu-se que a adesão à dieta EAT-Lancet requer menos recursos hídricos do que a dieta mediterrânica, em todas as nações estudadas, de forma consistente.
Assim, sugere-se que implementar mudanças dietéticas com vista à adoção da dieta EAT-Lancet, seria uma parte importante da solução para obter a utilização sustentável dos recursos hídricos nos países mediterrâneos.
Comentários